Novidades da Dieta do Mediterrâneo

16:49:00 Adriana Lara 2 Comments

Dieta do Mediterrâneo volta a chamar a atenção dos cientistas
Estudos mostram que a dieta reduz diabetes, problemas cardíacos, hipertensão e ainda ajuda a perder peso

Em novembro de 2010, a Dieta do Mediterrâneo foi incorporada na lista representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. Rica em cereais integrais, legumes, hortaliças, frutas, peixes e azeite de oliva, a dieta inclui ainda o consumo de uma porção de "nuts" por dia e uma ou mais taças de vinho tinto ao dia. Essa "receita" há anos é preconizada para uma vida mais saudável. Mas uma pesquisa recente mostrou que a dieta, aliada a atividades físicas diariamente, reduz doenças cardiovasculares, diabetes, pressão alta, circunferência abdominal e ainda ajuda a perder peso.

O estudo, chamado Predimed, tem duas fases. A primeira foi apresentada no European Congress of Endocrinology, na Polônia, em maio e no Congresso Português de Cardiologia, em abril. Os cientistas comprovaram que as pessoas que adotaram este estilo de vida diminuíram em 52% a prevalência de diabetes e de doenças cardiovasculares, com redução da hipertensão.

"A continuação deste estudo, o Predimed Plus, que foi apresentado no 21º Congresso Europeu de Obesidade, também em maio, mostrou que os resultados estão sendo ainda melhores, se comparados com o anterior. Neste, reduziu-se a ingestão calórica em 600 calorias ao dia em relação à anterior, que não havia restrição calórica, com diminuição do vinho para 4 a 8 taças por semana e 1 litro de azeite ao mês. Já nos primeiros 6 meses houve uma redução de 0,5 a 1kg de peso corporal e de 0,5 a 1cm na circunferência abdominal por semana dos participantes", diz a endocrinologista Maria Fernanda Barca, de São Paulo.
Como foi a pesquisa
O estudo acompanhou 7447 pessoas, sendo homens (entre 55-80 anos) e mulheres (entre 60-80 anos), com IMC entre 27-40kg/m2 e alto risco de apresentar doença cardiovascular, diabetes tipo 2 e fatores de risco (colesterol elevado, pressão alta, fumo, sobrepeso, obesidade e história familiar). Foram divididos em três grupos: controle (dieta com baixa quantidade de gorduras), dieta mediterrânea (com grande ingestão de nuts - 30g/dia) e dieta mediterrânea (com consumo de 1 litro de azeite de oliva/mês). O tempo médio de acompanhamento foi de quatro anos. Não houve restrição calórica ou aumento de atividade física. Em um ano, observou-se a diminuição na prevalência da síndrome metabólica, em ambos os grupos que realizaram a dieta mediterrânea, com queda da pressão arterial, diminuição da circunferência abdominal, diminuição dos triglicérides e diminuição da resistência insulínica. Em dois anos, notou-se a diminuição na espessura da parede interna da carótida, quando comparada com o grupo controle (dieta com baixa quantidade de gordura, preconizada pela American Heart Association), significando uma diminuição da placa de aterosclerose. Em quatro anos, notou- se diminuição na incidência de diabetes tipo 2 (de 17,9 no grupo controle para 10,1 no grupo com azeite e para 11,0 no grupo com nuts). "Quando os grupos mediterrâneos foram agrupados e comparados ao grupo controle, houve uma redução da incidência de 52% na redução de marcadores inflamatórios ligados ao desenvolvimento de diabetes e de doenças cardiovasculares e também redução de infarto, derrame e morte por doença cardiovascular de 11,2 no grupo controle para 8 nos grupos da dieta mediterrânea. Nos grupos mediterrâneos, o risco para infarto também diminuiu em 40%", diz o cardiologista Mucio Tavares, do Incor de São Paulo.
Por que faz bem?
"A Dieta do Mediterrâneo é composta por alimentos minimamente processados e fibras que ativam o funcionamento intestinal e ajudam a controlar o colesterol e o diabetes. Contêm vitaminas, minerais e antioxidantes que bloqueiam reações químicas que desencadeiam tanto doenças quanto o envelhecimento", diz Maria Fernanda Barca. Outro diferencial é o consumo de vinho tinto às refeições. Rico em polifenóis, o vinho tinto favorece o combate aos radicais livres (moléculas relacionadas ao envelhecimento do sistema imunológico) e ao aumento do HDL, podendo também evitar a oxidação das células e a formação de placas de gordura na parte interna dos vasos sanguíneos, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares", completa Mucio Tavares.
Outras estrelas da dieta
Oleaginosas (nozes, amêndoa, pistache, castanhas): excelentes fontes de proteínas e possuem ácidos graxos mono e polinsaturados.

Leguminosas (feijões, grão de bico, lentilha, soja e ervilha): são ricas em fibras que ativam o funcionamento intestinal e diminuem a absorção do colesterol e também fazem com que a digestão seja feita mais lentamente, mantendo os níveis de glicose e insulina estáveis no sangue, protegendo contra o diabetes.

Cereais integrais (pães, arroz, grãos, massas): são carboidratos complexos, ricos em fibras, vitaminas e minerais como as dos complexo B, vitamina E e selênio.

Leites e derivados: fonte de cálcio e proteínas, fortalecem a estrutura óssea e os lactobacilos vivos presentes nos iogurtes; equilibram a flora intestinal, combatendo os microorganismos patogênicos e melhorando a imunidade do organismo.

Azeite de oliva: é rico em fenóis (antioxidantes) e ácidos graxos monoinsaturados, que ajudam a reduzir o colesterol LDL.

Peixes e carnes brancas: são fontes de proteínas, ferro e minerais, além de conterem ácido graxo ômega 3.

Sobre Dra. Maria Fernanda Barca
Doutora em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Membro da The EndocrineSociety, Estados Unidos, Membro da EuropeanThyroidAssociation, Médica Colaboradora do Grupo de Tireóide do Departamento de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo de 1999 a 2010, Professora do Curso Progressos em Tireoidologia do Programa de Pós-Graduação da Disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo nos anos de 1999 e 2009.

Sobre Dr. Mucio Tavares de Oliveira Jr.
Diretor da Unidade de Emergencia do Instituto do Coração (InCor)
Professor Colaborador da Faculdade de Medicina da USP
Coordenador do Projeto de Tele Emergencia do InCor
Presidente do Comitê Gestor do Projeto De Peito Aberto
Coordenador do Programa Suporte Avançado de Vida em Insuficiência Cardíaca da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo
Membro do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

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